-Barack Obama venceu as presidenciais americanas de forma esmagadora em termos de colégio eleitoral, menos expressiva em votos, 52%-47% o que equivale a uma vantagem a rondar os 7 milhões de votos. Como afirmei no post anterior Obama venceu a quase totalidade dos estados decisivos, o que vem confirmar a desatrosa aposta Republicana em Sarah Palin, alienando o voto moderado que os levou a perder inclusivamente a Virginia onde os Democratas não ganhavam desde 1964, e mesmo aí venceram com Lyndon Johnson, um sulista. A vitória não se ficou por aqui, no Senado o partido do burro por pouco atingia os 60 lugares, e controla também por larga maioria a Câmara dos Representantes. Há que retirar daqui algumas conclusões, os americanos valorizaram a crise económica para a qual Obama representa um novo clima de confiança, ninguém sabe ao certo o que fará, mas pior que a actual administração será dificil. Joe Bidden acabou por se revelar uma escolha acertada, pela sua experiência em política internacional, não sendo de esperar grandes alterações na política americana para lá da retórica, afinal os interesses do país permanecem indiferentes a quem habita temporariamente na Casa Branca.

 

 

      -Barack Obama venceu as presidenciais norte-americanas, tornando-se no 44º presidente dos Estados Unidos da América. Com alguns resultados ainda por apurar, é praticamente seguro que Obama terá vencido no Ohio, Virgínia e Carolina do Norte, dois estados do Sul o que é extraordinário, Colorado, Novo México, Iowa, Indiana e talvez na Florida, ou seja todos os estados onde a eleição estava em aberto, à excepção do Missouri, que terá pendido para McCain por margem tangencial.

 

 

 

 

 

 

     -Para acompanhar ao longo da madrugada, resultados minuto a minuto, estado a estado, via CNN.

 

 

       -Os norte-americanos decidem hoje quem governará o país durante os próximos 4 anos, após a mais participada campanha de sempre, Barack Obama ou John McCain, um deles será o 44º presidente dos Estados Unidos da América. Todas as sondagens apontam para uma vitória do candidato apoiado pelo Partido Democrata, enquanto os Republicanos anseiam por um milagre, que aconteça o chamado efeito de Bradley. Vale o que vale, nada perante a imensidão dos EUA e os milhões de votantes, 10 milhões de eleitores já terão votado por antecipação nos estados que permitem a prática, mas as 2 primeiras localidades a divulgarem resultados no Estado de New Hampshire, deram a vitória a Obama, 32 votos contra 16 de McCain, a curiosidade é que desde 1968 que um democrata não vencia ali, e o Estado é um dos chamados "swing states", ainda que dos menos decisivos, pois apenas represente 4 votos no colégio eleitoral.

 

     

      -Desde 1980 até hoje sempre apoiei candidatos do Partido Republicano, excepção a 2004 que passei relativamente indiferente à disputa W.Bush vs Kerry, por discordar do primeiro mas longe de desejar uma vitória do Democrata. Em 2008 apoio Barack Obama, por considerar que face à expectativa que conseguiu gerar à sua volta poderá contribuir para um clima de optimismo na América e no mundo, bem necessário nos dias que correm, mas também por sentir que o senador do Illinois está preparado para lidar com as questões internacionais, do Iraque ao Afeganistão, passando pelo médio-oriente, e que apesar da disponibilidade manifestada para conversar com alguns governantes pouco recomendáveis, os EUA continuarão a ser um defensor da democracia e liberdade. Sei que não será fácil a tarefa de Obama, a onda que criou em seu redor gerou uma esperança quase messiânica, à qual será sempre díficil corresponder, julgo que alguma esquerda intelectual europeia, portuguesa incluida, será a primeira a ficar desiludida, mas se assim acontecer serão boas notícias. Muitos questionam os apoios recebidos, que permitiram bater em primeiro lugar Hillary Clinton nas primárias, o que era de todo improvável à partida, e agora Obama prepara-se para fazer história, conseguindo ganhar estados como a Virgínia ou Carolina do Norte, arrasando eleitoralmente um John McCain que teve contra si suceder a George W. Bush, o pior presidente que governou o país desde Jimmy Carter. Ontem Obama comprou 30 minutos de prime time nas principais cadeias de televisão, a excepção foi a CNN onde McCain se apresentou bem diante de Larry King, procurando ainda reverter o que já é imparável. Os apoios de Obama vêm em primeiro lugar de pessoas que nunca se interessaram por política, e até de muitos Republicanos convictos, desiludidos com a tomada de poder no seu partido por parte de fanáticos evangélicos fundamentalistas. Fará bem ao GOP uma derrota monumental, para expurgar a seita da liderança do partido, permitindo uma renovação tranquila que traga de volta a casa os valores de sempre, menos estado, mais liberdade.

      -O apoio do general Colin Powell, antigo conselheiro de segurança nacional de Ronald Reagan, Chefe do Estado Maior das forças armadas com George H. Bush, e secretário de estado durante o primeiro mandato de George W. Bush, ao senador Barack Obama, não poderá de forma alguma ser considerado uma surpresa, face ao progressivo afastamento do general da administração republicana, em particular de Cheney e Rumsfeld no início da guerra do golfo. Recorde-se também o episódio protagonizado, a contragosto segundo muitos analistas da ida à ONU explicar a existência das armas de destruição maciça, que justificaram a intervenção no Iraque. O significado político a retirar deste apoio, é a meu ver, que McCain ao escolher Sarah Palin como V.P., hipotecou o eleitorado moderado, para agradar aos sectores mais tradicionais do GOP, que o olhavam com desconfiança, é conhecida a sua fama de maverick, mas as eleições ganham-se ou perdem-se nos chamados estados swing, que tanto votam Democrata como Republicano, e não será Palin que conseguirá atrair esse eleitorado.

       -Barack Obama que lidera as intenções de voto jogou nitidamente à defesa no último frente a frente entre os candidatos presidenciais, ao contrário de John McCain que forçosamente teria de tentar algo para inverter a situação, entrando ao ataque, apresentando propostas de resolução da crise financeira, e demarcando-se de George W. Bush, relembrando todas as vezes que discordou, votando contra a actual administração no senado, o que lhe granjeou a fama de maverick. Obama por sua vez limitou-se a repetir as propostas já apresentadas, procurando colar o adversário ao actual presidente, afirmando que a sua eleição seria a continuação da política seguida até aqui pelos Republicanos. Não creio que este debate  tenha alterado grande coisa, e Barack Obama prossegue imparável a caminho da vitória em 4 de Novembro, salvo um grave deslize ou algo totalmente imprevisivel.

     -Sarah Palin revela-se cada vez mais uma escolha desastrosa, no início causou algum efeito surpresa, mas a cedência de McCain à ala mais conservadora do GOP, quando Obama consegue obter algum apoio junto de parte do eleitorado Republicano, tornou-se um erro fatal. Para mais quando Palin tem problemas no seu próprio estado. Obama agradece.

       -Segundo debate entre os candidatos presidenciais, nova vitória para Barack Obama, a crer nas sondagens realizadas entre os espectadores norte-americanos. John McCain precisava ganhar, mas perdeu, ainda que não tenha sido de forma alguma esmagado pelo Democrata, que esteve melhor na economia, a conjuntura favorece-o, enquanto McCain consegue boas prestações em matéria de política internacional, embora Obama também tenha sido forte nessa matéria. Faltando apenas um debate até à eleição, no próximo dia 15, Barack Obama parece-me cada vez mais seguro, cresce a dinâmica de vitória em seu redor, algum desnorte no campo Republicano, sendo de esperar por parte destes, uma nova onda de ataques pessoais em desespero de causa. Analisarei mais tarde toda a estratégia, mas parece-me ter sido um erro crasso a escolha de Sarah Palin como V.P. por parte de McCain, após algum impacto inicial provocado pela surpresa, veio a revelar-se um peso morto.

 

       -Apesar de Sarah Palin ter estado segura, apenas vacilando em questões de política internacional, onde se limitou a generalidades e ao Iraque, Joe Biden bem preparado também não cometeu nenhuma das suas gafes, tendo responsabilizado a administração Republicana pela actual situação económica que o país atravessa, incluindo John McCain pelas suas votações no Senado. Os tempos correm de feição ao Partido Democrata, e salvo qualquer deslize, Barack Obama caminha imparável rumo á presidência dos Estados Unidos da América. Sondagens demonstram uma clara vitória de Biden no debate, apesar de Palin, esforçada, ter superado as expectativas, mas os americanos estão fartos dos Republicanos, demonstrando uma vontade de mudança.

       -O tão aguardado debate de ontem entre John McCain e Barack Obama, terminou sem uma vitória clara de qualquer das partes, segundo vários analistas, claro que ambas as campanhas reclamam para si a vitória, mas uma sondagem mostra que correu um pouco melhor a Obama, quando seria de esperar o contrário, face à experiência de McCain nos temas em análise, política internacional e segurança interna, embora tivesse sido dedicado algum tempo à situação económica.

       -O Partido Republicano é hoje um saco de gatos, só assim poderemos entender a escolha de Sarah Palin como vive de John McCain, não poderiam estar ideologicamente mais afastados dentro do partido. Mas também o divórcio dos congressistas com a administração Bush é relevante, é do interior do GOP que saíram as maiores críticas ao plano para injectar dinheiro em Wall Street, isto no dia seguinte a McCain ter suspendido a campanha apelando a uma solução de compromisso com os Democratas, para a qual lançou o repto a Obama, ao recusarem apoiar W. Bush, os lideres Republicanos acabaram por causar embaraços á candidatura de McCain, que Obama naturalmente aproveitará. Neste momento a expectativa reside em saber se McCain retomará a campanha comparecendo no debate agendado para o Mississipi, se o fizer entrará fragilizado, ainda que supostamente o tema lhe seja mais favorável, política externa e segurança interna, mas a atenção dos americanos no dia de hoje não incide propriamente nesses temas, pelo que a atenção mediática está virada para a crise, mas caso McCain não compareça, Obama aproveitará para marcar pontos junto do eleitorado, que não compreenderá bem a recusa de McCain, sendo até o sen. do Arizona ironicamente quem mais precisa do debate, já que se encontra em desvantagem nas sondagens a pouco mais de um mês do acto eleitoral. Julgo que se torna evidente que as lutas internas estão a provocar alguma desorientação na estratégia Republicana, que nem a capacidade de Karl Rove consegue acalmar, a meu ver o GOP encaminha-se para um desastre monumental a 4 de Novembro.

       -Os resultados deste estudo não surpreendem, a comunicação social europeia é na sua esmagadora maioria parcial, apoiante de Barack Obama. Portugal não escapa à regra, apesar de McCain obter por cá uns razoáveis 35%. A obamania contagiou a Europa, mas a preferência dos nativos do velho continente é pouco mais que irrelevante, já que poucos europeus têm direito a voto nas presidenciais americanas, e o american way of life, costuma desprezar o modelo social europeu. Em 5 de Novembro veremos se a Europa tem motivos para sorrir, ou acordará com uma enorme ressaca.

 

 

     -McCain considera que foi um bom dia para a América, e dá os parabéns a Obama pelo bom trabalho, na conquista da nomeação pelo Partido Democrata.

 

       -Barack Obama abandonou a proposta irrealista de retirar do Iraque em 6 meses, comprometendo-se no entanto a fazê-lo até ao Verão de 2010, contando inclusivé com o apoio do P.M. iraquiano, simultaneamente defende o reforço da intervenção no Afeganistão, que considera a principal frente de batalha na luta contra o terrorismo. Obama demonstra nestas visitas ao Afeganistão e Iraque que afinal não está tão mal preparado em matéria de política internacional, quanto alguns arautos da desgraça antecipavam, McCain será provavelmente obrigado a repensar a sua estratégia, enquanto por cá alguns apoiantes de Obama irão certamente no futuro ficar com os cabelos em pé, a América continuará no futuro a liderar a luta pela liberdade, seja o comandante em chefe Obama ou McCain.

        -Li no Blogue Atlântico este post de Miguel Morgado, sobre uma forma de racismo que afecta de forma relativa o Partido Republicano, estando alguns conservadores negros hesitantes em apoiar McCain, face á candidatura de Obama, não sendo essa hesitação provocada por motivos estritamente políticos, apontando o caso emblemático de Armstrong Williams. Caso Obama opte por Hillary Clinton como runing mate, McCain terá ainda de enfrentar alguma discriminação de género, embora a figura de Hillary seja tudo menos consensual na sociedade americana, despertando ódios e paixões. E se o GOP tirasse um coelho da cartola? Existe neste momento muita especulação em torno da escolha que McCain fará como V.P., a convenção Republicana será uma semana após a Democrata,  a meu ver uma personalidade capaz de esvaziar totalmente as desigualdades que tendem a favorecer Obama seria Condoleezza Rice, voltando a colocar as opções apenas no campo político.

       -Barack Obama e Hillary Clinton apareceram juntos numa povoação chamada Unity, estado de New Hampshire, onde obtiveram ambos 107 votos. A escolha foi simbólica, quer pelo nome, quer pelo empate, o objectivo é sarar feridas abertas durante os ataques mútuos durante as primárias, havendo quem deseje vê-los juntos na corrida presidencial. A meu ver se Obama ceder a tais pressões será um erro, Hillary é uma personalidade pouco consensual, despertando ódios e paixões, a sinceridade do seu discurso foi sempre questionada, aliás os Republicanos estão neste momento a relembrar diariamente as críticas que Hillary dirigiu a Obama, e vão ter matéria para os tempos mais próximos sem necessitarem de ser muito imaginativos. Hillary Clinton tem problemas financeiros por resolver, penso que Barack Obama deverá ajudar, o que de resto já fez, entregando um chorudo cheque, e pedindo aos seus apoiantes para efectuarem donativos, esperando assim unir o partido, por outro lado o seu discurso entra no eleitorado republicano, mas se aparecer ao lado dos Clinton, tenho as minhas duvidas. Não se pense contudo que Barack Obama já ganhou a eleição, e que daqui até Novembro tudo será um passeio, a convenção Democrata em Denver decorrerá entre 25 e 28 de Agosto, enquanto os Republicanos estarão em St Paul-Minneapolis de 1 a 4 de Setembro, altura a partir da qual a campanha começará verdadeiramente a aquecer.

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-A senadora Hillary Clinton terá perdido ontem mais uma oportunidade de marcar pontos, frente ao seu rival Barack Obama. Mais nervosa e agressiva do que no Texas, onde entretanto parece ter sido ultrapassada nas últimas sondagens, vê-lhe também fugirem apoios de alguns superdelegados, que afirmam estarem moralmente vinculados ás decisões dos seus eleitores. Com cerca de 95 delegados de atraso para Obama, e´não são mais de 150, porque apesar de tudo ainda lidera nos superdelegados, uma eventual derrota no Texas terá um efeito devastador nas hipóteses da sen. Clinton, que a esperada vitória no Ohio, apenas poderá mitigar, ganhando cada vez mais consistência a teoria que a cúpula do partido Democrata, tentará convencê-la a uma desistência honrosa. Acontece porém, que a sen. Clinton estará muito condicionada, não poderá aceitar a V.P. de alguém que combateu com o argumento da maior experiência, não pensará certamente em nova candidatura para 2016, investiu os últimos anos da sua vida e muito dinheiro, naquilo que parecia a todos mais que óbvio, ser a próxima presidente dos Estados Unidos da América. Dia 4 teremos a confirmação, mas não surpreenderá ninguém, que Obama vença o Texas, e encoste no Ohio, o que poderá aumentar a diferença para mais de 150 delegados, e aí, será mesmo o fim da questão.

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-O multimilionário norte-americano Ralph Nader anunciou que vai entrar na corrida presidencial, avança a CNN. Podem rasgar as sondagens, e fazer novas contas para Novembro, mas a meu ver isto são boas notícias para McCain.