-O fenómeno da corrupção não constitui obviamente um exclusivo do sector público, mas é no Estado que poderá mais facilmente ser encontrado. A razão é simples, existe a sensação que dá para tudo, o Estado nunca irá à falência, se precisar aumentar a receita basta subir impostos, as contas públicas são manipuladas ao sabor da conveniência do governo em cada momento. A lição a retirar desta operação "face oculta", independentemente de quem é culpado ou inocente, deixo isso para a Justiça, é a omnipresença do Estado. Quem pretende investir, inovar, criar riqueza, esbarra numa teia de interesses e cumplicidades, com ramificações ao poder político, nacional ou local. Das grandes empresas públicas, às privadas onde o Estado detém participações ou golden share, dos Institutos, Direcções e Administrações de qualquer coisa, está sempre lá um fulano conhecido, que deve um favor a alguém. Há muito que os principais partidos políticos estão parasitados por gente menos escrupulosa, que vê o Estado como uma "cosa nostra", decidindo o investimento público a realizar, empregando os seus, determinando quem faz negócio ou vence concursos. Para lá da necessidade de maior transparência no funcionamento da Administração, punições a eventuais prevaricadores, para as quais urge modernizar e tornar a Justiça célere e eficaz, é fundamental para o país reduzir o peso do Estado na sociedade e retirá-lo da economia, diminuir a administração e apróximar o centro de decisão da população.