-Os políticos caem regularmente na tentação da demagogia. Da esquerda à direita todos os partidos defenderam a comercialização de medicamentos em unidose. Para tal utilizaram um cálculo simples, dividiram o preço da caixa pelo número de unidades que a mesma contém, valorizaram o desperdício, estimando o valor que seria permitido ao Estado e utente poupar. Esqueceram foi incluir os custos com rotulagem e  embalagem que uma medida deste tipo implicaria. Após publicação e entrada em vigor da Lei, o que implicou custos com estudos e pareceres desnecessários, o governo vem agora deixar cair a medida.

     -Os homossexuais estão longe de serem os únicos impedidos de doar sangue se falarem verdade. Há uns anos fiquei excluído na triagem por ter praticado sexo com duas parceiras nos seis meses imediatamente anteriores, acto perfeitamente normal para quem termina uma relação afectiva e dá início a outra. O rigor levado ao absurdo é um convite à mentira. Quero acreditar que o sangue recolhido é testado antes de ministrado a quem dele necessita.

   -Nos tempos que correm o alarmismo vai precipitando várias decisões políticas, que depois se revelam desastrosas. A França decidiu colocar à venda vacinas contra a gripe A H1N1, porque afinal uma dose era suficiente em vez das duas inicialmente previstas. Imagino que por cá o Ministério da Saúde não divulgue os números, mas tem vindo sucessivamente a alargar os grupos considerados de risco, por forma a gastar o dinheiro do contribuinte desnecessariamente investido o stock adquirido. Será que o reforço que havia sido encomendado para o início do ano foi cancelado? Esperemos que sim, porque o calamitoso estado do SNS não permite negócios ruinosos.

   -Barack Obama atravessa o seu pior período em termos de popularidade desde a tomada de posse, o que já o leva a admitir a possibilidade de abdicar do plano público, como forma de tentar introduzir algumas reformas no sistema de saúde, para as quais terá de convencer pelo menos um senador Republicano, isto se conseguir o pleno do voto dos Democratas, o que está longe de garantido. A iniciativa legislativa terá no entanto de ser apresentada em primeiro no Congresso. O mais certo será conseguir negociar algumas alterações, por forma a que ninguém seja obrigado a perder a face, mas ainda não será desta que a Terra da Liberdade irá importar o socialismo europeu.

   -A propósito deste gráfico publicado pelo Jorge Assunção, que mostra estar em queda a popularidade de Obama, à medida que teima impor aos americanos um sistema de saúde que não desejam, e porque alguns teimam em não perceber o porquê de tal desaprovação, apelidando de egoísta a maioria dos norte-americanos, aconselho a visualização do vídeo abaixo, Sally C. Pipes explica claramente as diferenças entre os dois sistemas. E por cá? Muitos falam em defesa do SNS, mas em rigor tal sistema foi-nos imposto, ou estarei equivocado e alguém teve liberdade de escolha?

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   -Sou adepto da despenalização e liberalização do consumo de drogas na sociedade, mas na prisão existe um conceito de privação de liberdade, o que pressupõe que a droga nem sequer deveria entrar no estabelecimento prisional. Os reclusos toxicodependentes devem sim ser tratados e desintoxicados, e não receberem seringas para utilizarem na droga que adquirem a traficantes ou guardas prisionais.

   -Os socialistas não gostam de ouvir falar em privatização do SNS, mas a realidade é implacável, espero obviamente nunca vir a ser vítima de erro ou negligência médica, no entanto se tal infortúnio me bater à porta, pelo menos que não ocorra no hospital público, seria uma dupla tragédia, além dos danos, nem sequer ser indemnizado. É certo que o Hospital de Santa Maria assumiu a responsabilidade neste caso, no entanto conhecendo o Estado português, e também a celeridade e eficácia do nosso sistema judicial, não será necessário consultar um astrólogo para prever o futuro...

   -Nem quero acreditar que guerras de medicamentos e sabotagens possam estar na origem da cegueira de pessoas. Espero que a investigação vá até ao fim, e que a verdade seja rapidamente esclarecida, nesta matéria não pode existir lugar à mínima suspeita.

   -Testamento Vital é diferente de suicídio medicamente assistido, ou eutanásia, mais uma vez teríamos uma trapalhada legislativa, onde se misturam conceitos, abrindo portas ao que não se pretende. Ainda bem que a questão foi adiada para a próxima legislatura, e que de uma vez por todas, saiam diplomas claros, sem equívocos nem duplas interpretações, se querem de facto resolver os problemas das pessoas. Não faltam juristas na Assembleia da República, em todos os grupos parlamentares, será possível que pessoas como João Lobo Antunes ou Daniel Serrão, não estamos a falar propriamente de políticos interessados em questões partidárias, considerem o texto do diploma, confuso, contraditório, e ameaçador do bem-estar das pessoas doentes?

   -Um curso de Medicina confinado ao ensino superior público, tem efeitos perversos, não produz médicos em quantidade suficiente para a satisfação das necessidades do país. A solução terá de passar obrigatoriamente pela abertura de cursos no ensino privado, com qualidade, deixando de lado resquícios corporativistas herdados do Estado Novo, com os quais a Ordem dos Médicos e os partidos políticos têm convivido bem ao longo dos anos, com prejuízo para a população. Qualquer reforma demorará obviamente anos, não se forma um médico nas novas oportunidades, até lá teremos de continuar a recorrer a soluções transitórias.

   -Finalmente alguém vem dizer o óbvio, desde que a IVG passou a ser praticada no SNS, a mesma ficou isenta de custos, à excepção da taxa moderadora, e mesmo essa para alguns, o que provocou a despreocupação de algumas pessoas, que em pouco tempo já recorreram a um segundo aborto, cerca de 20 no Hospital de Santa Maria. Para Luís Graça, director do serviço de ginecologia e obstetrícia, a segunda intervenção deveria ser paga pelo utente, o que concordo, vou aqui passar ao lado da minha discordância em relação ao acto em si mesmo, a disposição da sociedade no seu todo, para suportar os custos dos desmazelos de alguns, deve ter limites, de contrário, se deixarem passar mais algum tempo, teremos nos hospitais mulheres a pretenderem realizar a 5ª, 6ª ou 7ª IVG, e por aí em diante...

   -Estou plenamente de acordo com a decisão de adiar para a próxima legislatura a aprovação da proposta de Lei do PS, sobre o testamento vital. Em primeiro lugar, a matéria carece de urgência, pelo que é preferível elaborar uma boa Lei, sem alçapões que abram passagem à eutanásia, nem esbarrar no crivo do Tribunal Constitucional, como tem acontecido com outros diplomas elaborados à pressa.

   -Após ouvir no telejornal o Director Geral de Saúde, percebi que a diferença entre decretar ou não pandemia, é totalmente nula. Os efeitos são exactamente os mesmos, o nível de alerta, a forma de combate, idem. Nem sequer será previsivel um aumento da perigosidade do vírus na base da disseminação da gripe A H1N1.

   -Após a divulgação do primeiro caso de Gripe A H1N1 em Portugal, fico com uma dúvida, que informação tinha ontem Marcelo Rebelo de Sousa, para ter avançado com certeza a confirmação da análise positiva, antes das autoridades sanitárias? Existe uma gestão de timing por parte do Ministério? Obedecendo a que critérios? Defendendo que interesses?

    -Por esta altura deverá estar confirmado o primeiro caso de Gripe A H1n1 em Portugal, falta apenas ser escolhido o timing para divulgação oficial do mesmo por parte das autoridades sanitárias. A paciente supostamente infectada, entretanto já recuperada, regressou do México, estando sobre vigilância outras pessoas que efectuaram a mesma viagem. Apesar do crescente número de pessoas infectadas um pouco por todo o mundo, sendo correcto falar-se em pandemia, até agora apenas no México se registaram casos mortais, e mesmo por lá a situação parece já se encontrar controlada.

    -A gripe A H1N1 alastra um pouco por todo o mundo. Agora chegou a vez da Itália, Portugal continua por enquanto fora do mapa, veremos por quanto mais tempo. A OMS estima em 4 meses o tempo necessário para surgir no mercado uma vacina eficaz, enquanto o governo por cá vai afirmando estar preparado para qualquer eventualidade. Anteriormente já vimos um filme parecido, com a gripe aviária, no futuro voltaremos a encontrar certamente uma qualquer outra variante.

     -Azar o meu não ter investido em acções da Roche, companhia farmacêutica que fabrica e comercializa o Tamiflu. A gripe mexicana provoca uma corrida aos stocks, há uns tempos foi a gripe aviária, cheguei a ver cenários alarmistas apontando para 4 milhões de portugueses infectados, mas claro está que no final nada se concretizou, tenho razões para acreditar que mais uma vez a História se repetirá.

   -No início do século XX, mais concretamente no final da segunda década, a Humanidade sofreu os efeitos devastadores da gripe espanhola. Cerca de 90 anos depois assistimos à disseminação da gripe mexicana, cujos efeitos são de todo imprevisíveis, esperemos que rapidamente controlados, antes que a pandemia atinja proporções para já inimagináveis.

    -José Sócrates garante capacidade de resposta do SNS a eventual estado de emergência caso a gripe suína venha a constituir ameaça em Portugal. Agora podemos ficar tranquilos, todos sabemos que as previsões governamentais são absolutamente certeiras.

   -Está à vista uma pandemia de gripe suína, Portugal ainda não regista qualquer caso, no entanto já existem registos em quatro continentes, África é por agora a única excepção. O turismo será certamente afectado nos próximos tempos, e não apenas no México, ainda que por agora estejam aí registados os casos mortais, neste momento cerca de centena e meia.