-Ontem Jorge Ferreira defendeu a necessidade de introduzir duas alterações, permitir candidaturas independentes e criar os círculos uninominais que há muito defendo. Mas não será fácil alterar o actual modelo, PS e PSD procuram dramatizar neste momento o apelo ao voto útil, transformando uma eleição parlamentar num plebiscito à escolha do próximo Primeiro-Ministro, subvertendo o espírito da Constituição, com a cumplicidade tácita um do outro, procurando esvaziar os partidos à esquerda e direita respectivamente, para insuflar uma vez mais o centrão ameaçado pelas sondagens de obter o seu pior resultado Histórico, conjugados os votos em ambos os partidos. Chegam hoje ao fim os debates televisivos, e apesar das boas audiências, o que demonstra interesse dos portugueses no seu futuro imediato, não se vislumbram grandes soluções para os problemas do país, nem existe propriamente uma dinâmica de vitória, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite foram incapazes de gerar entusiasmo à sua volta, os estudos até agora divulgados apontam para um empate técnico, existe até a possibilidade de virmos a assistir a um fenómeno curioso, o partido mais votado eleger menos deputados do que o segundo, o que dependerá da distribuição de votos nos vários Distritos, seria até a meu ver algo desejável, apesar dos alertas que nos lançam diariamente sobre os perigos da ingovernabilidade, o actual sistema chegou a um ponto que não se reforma, excepto se a isso for obrigado. Vamos agora entrar no período de campanha eleitoral, mantendo-se a imprevisibilidade no resultado, assistiremos a um crescente de insultos, acusações e insinuações, procurando disfarçar a incapacidade absoluta de apresentar um programa claro, com respostas concretas, e convencer os portugueses que o mesmo será cumprido uma vez eleitos.