Imagem descaradamente roubada aqui.
-O chefe do Estado a que isto chegou resolveu descer do pedestal e conceder uma entrevista à televisão do regime. Durante 50 longos minutos, parecia uma daquelas raras entrevistas que a BBC realiza à rainha de Inglaterra, desprovidas de qualquer interesse. Judite de Sousa não colocou uma única questão mais difícil, fiquei até com a sensação que as perguntas estariam previamente combinadas, só assim posso compreender que tenha passado ao lado do BPN e da polémica sobre as escutas, envolvendo o assessor Fernando Lima, no Verão passado. O Presidente da República limitou-se a meia dúzia de generalidades com as quais é difícil não concordar, mesmo sobre os temas mais quentes, do negócio da TVI ao PEC. Nas entrelinhas deu para perceber que não está interessado em dissolver a A.R., um recado talvez para os candidatos à liderança do PSD, já que precisará dos votos de parte do eleitorado que elegeu José Sócrates em Setembro passado. Aliás, foi piscando o olho ao centrão que relembrou não ter vetado um único diploma do governo. Em matéria de eleições Cavaco Silva sabe o que faz, os seus interesses sobrepõem-se ao interesse da sua área política ou mesmo do partido que em tempos dirigiu. Julgo que a entrevista serviu apenas o propósito de marcar terreno, com vista a uma recandidatura a novo mandato, que deverá ser anunciada lá mais para o Outono.