-O inacreditável regulamento da Taça da Liga mostra bem a incompetência de quem dirige o futebol português. Não querendo tomar partido na contenda, no entanto há que referir que à letra do mesmo a razão assiste ao C.F.os Belenenses, embora não seja utilizada aquela fórmula de desempate há vários anos, gostaria de ver se a decisão do CJ se estivesse em causa a eliminação de um dos três grandes. Para cúmulo o S.L.Benfica apenas conheceu hoje o adversário que defrontará amanhã. Mal foi aceite o recurso com efeitos suspensivos interposto pelos azuis do Restelo, a data das meias-finais deveria ter sido adiada, o respeito pelo patrocinador, pelos clubes e principalmente pelos adeptos assim o exigia, mas há muito que tais valores não existem no cada vez mais bizarro futebol português.

    -Quem disse que em Portugal a corrupção desportiva passa impune? Um dirigente desportivo foi detido em Vila Real,  em flagrante delito quando entregava uma determinada quantia monetária a um árbitro de futebol, verba que alegadamente serviria para pagar o favorecimento da equipa a que pertencia o dirigente, em jogo que teria lugar no dia seguinte entre clubes transmontanos. A culpa em meu entender vai direitinha para as "mães de Bragança", não tivessem obrigado algumas meninas que frequentaram turisticamente a região e o negócio poderia ter sido concretizado sem problemas, caso a transacção fosse negociada em fruta ou chocolate.

      -Ontem Pinto da Costa obteve uma vitória sobre a Justiça portuguesa, ainda que motivada por razões processuais, hoje coube ao F.C.Porto obter uma vitória em toda a linha, sobre S.L.Benfica, Vit. Guimarães, Justiça desportiva portuguesa e UEFA, em particular sobre Michel Platini. Não comento os factos, mas sempre fui afirmando que o caso me parecia pouco sólido, embora a história ainda possa não ficar por aqui.

        -Nada tenho a apontar ao juiz-conselheiro jubilado, Sousa Diniz, escolhido por Gilberto Madaíl para presidir ao Conselho de Justiça da FPF. A questão a meu ver é a legitimidade deste, que preside a um orgão executivo, escolher quem preside a um orgão judicial. Tem razão o Conselho Superior de Magistratura em manifestar reservas à presença de magistrados judiciais nas entidades de Justiça Desportiva, pelo que será previsível a escolha de personalidades oriundas da Justiça, mas reformadas. Enquanto não se altera por completo a estrutura dirigente do desporto, em particular do futebol, em Portugal, vão-se aplicando paliativos, que no fundo deixam tudo na mesma.

      -Como tenho afirmado por diversas ocasiões, as manobras dilatórias, aliadas á lentidão da Justiça Desportiva em Portugal, a inércia da liga ou FPF, nunca permitiriam outro cenário. Uma eventual sanção a aplicar ao F.C.Porto, ainda não é seguro que tal venha a ocorrer, apenas poderá produzir efeitos para a época de 2009/2010, pelo que a UEFA considerou, legitimamente aceitar a inscrição dos dragões na Champions, remetendo Vit. Guimarães para a 3ª pré-eliminatória e S.L.Benfica para a taça UEFA. Ninguém tem legitimas razões de queixa desta decisão, uma vez que a mesma reflecte a verdade desportiva, traduzindo os efeitos dos resultados obtidos em campo, embora também possamos compreender como legitimas, as tentativas de vimaranenses e benfiquistas aproveitarem esta oportunidade para retirar para si um benefício inesperado, no próximo ano, a manter-se o cenário, se o FCP vier efectivamente a ser castigado, sabe-se lá quem sairá beneficiado, por ironia até poderão ser os mesmos, como o Sporting, Braga ou Belenenses, lá mais para o fim do campeonato nacional o saberemos. Até pode acontecer que o FCP consiga evitar o castigo, tem ainda á sua disposição recursos na UEFA e no TAS.

        -Está confirmada pela LPF a descida de divisão do Boavista, dando assim cumprimento ás decisões tomadas ontem na reunião da FPF, a qual entretanto invocou interesse público, como forma de contestar no Tribunal as providências cautelares interpostas pelos axadrezados, preparando-se para tomar idêntica posição quanto á acção interposta por Gonçalves Pereira. A primeira consequência prática será a participação do Boavista na 1ª eliminatória da Taça da Liga, com jogo agendado já para o próximo sábado. Talvez possa ser o começo duma nova era no futebol português, embora tenha duvidas que tal venha a ser possivel com os actuais dirigentes, e não me refiro apenas aos que agora foram acusados no processo apito dourado.

       -A Federação Portuguesa de Futebol decidiu acatar as recomendações do parecer de Freitas do Amaral, contestar as providências cautelares existentes, ou que venham a surgir, invocando o estatuto de utilidade pública junto dos Tribunais, para conseguir a homolgação dos campeonatos e o começo a tempo e horas da proxima época. Decidiu também a FPF a marcação duma A.G., único orgão com competência para destituir o C.J., que Freitas do Amaral considerou ferido de morte. Com esta decisão o Boavista F.C. desce de divisão, mas o F.C.P. participará na próxima edição da Liga dos Campeões, adiando os eventuais efeitos de sanção a aplicar para a época 2009/2010. Quem passa incólume é Gilberto Madaíl, que ao escudar-se no parecer, lava as mãos de responsabilidades, mantendo as possibilidades de continuar a presidir aos destinos do futebol português, ou integrar os quadros da UEFA. O S.L.B. não se conforma, mas já nada pode fazer, visto que a UEFA não poderia ter esperado por decisões e recursos do bizarro futebol português, e a F.P.F. apenas hoje tomou uma decisão definitiva. Como sempre defendi, estas questões não deveriam ser resolvidas no final da época, estava-se mesmo a adivinhar que todo este carnaval poderia vir a acontecer, espero pelo menos, que se retirem daqui ilações para evitar que se repitam episódios que não dignificam o futebol português, nem aqueles que o dirigem.

        -O parecer jurídico do prof Freitas do Amaral por mais que desagrade a F.C.Porto e Boavista não poderá deixar de ser levado em consideração pelas instâncias do futebol nacional, nomeadamente pela F.P.F., permitindo a Gilberto Madail lavar as mãos de qualquer responsabilidade. Mas nem todos são afectados por igual, o F.C.P. conseguiu através de recursos ganhar tempo, que lhe permitiu ser inscrito na UEFA adiando uma eventual suspensão para o próximo ano, até lá o clube não pode recorrer a Tribunais civis mas o presidente pode, e ainda dispõe de meios para contestar na própria UEFA e até no TAS uma eventual suspensão. Já o Boavista dificilmente conseguirá ficar na I Liga, porque retirando consequências da reunião de 4 de Julho, uma vez que a F.P.F. não poderá fazer algo que não esteja de acordo com o parecer que ela própria encomendou, terá forçosamente de invocar interesse público junto dos Tribunais civis. Em qualquer caso a situação seria sempre mais grave para o Boavista que para o F.C.P. se as sanções transitassem para a época seguinte, pois os axadrezados correriam o risco de estarem daqui a poucos meses a jogar sem objectivos, sabendo que independentemente dos resultados obtidos e do lugar ocupado na classificação iriam descer de divisão, o que seria o caminho mais rápido para desmotivar a equipa e alterar a verdade desportiva, com efeitos para terceiros, ainda que involuntários. Já o F.C.P. "apenas" corre o risco de estar a jogar sabendo que não irá a qualquer competição europeia, mas não deixará de lutar para alcançar o título nacional, o que é substancialmente diferente.

         -O parecer encomendado pela Federação Portuguesa de Futebol considera válidas as decisões aprovadas no passado dia 4 de Julho, na bizarra e recambolesca reuinião. Documento disponivel aqui em formato PDF. A questão que se coloca é, e agora? Irão os orgãos federativos homolgar as decisões em tempo oportuno, e retirar daí as consequências, o que colocaria o Boavista na Liga de Honra e o Paços de Ferreira na I Liga? Irá a FPF invocar interesse público junto dos tribunais que aceitaram as providências cautelares, suspendendo os efeitos práticos da referida reunião? Ou pelo contrário, irá permitir manobras processuais dilatórias, que possam retardar os efeitos da reunião? Convém relembrar que o Boavista terá limitações nas possibilidades de recurso aos Tribunais civis, embora esteja apenas em causa matéria processual, e não o recurso das deliberações da reunião, mas Pinto da Costa e Gonçalves Pereira não têm qualquer limitação de recursos. E na UEFA? O F.C.P. terá escapado da suspensão na próxima época, mas pode começar desde já a preparar a defesa, porque fica em aberto a possibilidade da mesma transitar para a época seguinte. Tudo questões que os próximos dias permitirão clarificar.

       -O Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa deu provimento a 2 providências cautelares apresentadas pelo presidente do Conselho de Justiça, a exigir suspensão dos resultados da bizarra decisão saída da reunião de 4 de Julho. O efeito na prática é nulo, pois já o Boavista FC tinha através de igual procedimento, conseguido igual desfecho, embora a FPF para invocar interesse público seja agora obrigada a fazê-lo em duplicado, junto de dois tribunais diferentes, com prazos diferentes. Tudo isto enquanto aguardamos o parecer encomendado ao prof. Freitas do Amaral. Bem fez a UEFA, que adiou uma eventual decisão para a próxima época, de Portugal já se sabia que não iria surgir uma sentença transitada em julgado em tempo oportuno. Independentemente de quem vier a ter razão, Boavista FC ou Paços de Ferreira na I liga? Definir um plantel para a I Liga ou para a Liga de Honra será exactamente a mesma coisa? Sabemos que não, porque razão quiseram decidir este processo no defeso? Não conheciam o funcionamento da Justiça desportiva em Portugal? Quer-me parecer que ainda iremos falar muito deste assunto.

     -Valentim Loureiro e Pinto de Sousa foram absolvidos pelo Tribunal de Gondomar dos crimes de corrupção que eram acusados, igual destino a José Luis Oliveira e outros arguidos que segundo os juízes nem deveriam ter sido acusados. Valentim Loureiro foi entretanto condenado pelo crime de abuso de poder no âmbito das suas funções autarquicas, tendo entretanto considerado a sentença injusta, e manifestado intenção de recorrer. Caso a sentença venha a transitar em julgado, o major Valentim Loureiro incorre na perda de mandato autarquico, ficando impossibilitado de se candidatar nas eleições seguintes, mas tem ainda á sua disposição o recurso para a Relação, e se assim o entender para o Supremo, onde todo este processo deverá conhecer o epílogo, mas apenas daqui a algum tempo, contando já com a tradicional lentidão da Justiça portuguesa, e até da complexidade do próprio processo. Mais uma vez em causa a fragilidade das acusações e o trabalho dos investigadores.

       -Como venho afirmando há já algum tempo, uma eventual, ao que parece agora está quase garantida, participação do F.C.Porto na Liga dos Campeões não significa o fim da história, os processos continuam a decorrer, e caso venham a ser aplicadas sanções ao F.C.P. o risco de exclusão das provas da UEFA subsiste, apenas transitou para a época 2009/2010 como não poderia deixar de ser. Para Vitória de Guimarães e S.L.Benfica é que o adiar da decisão significa uma derrota, pois já não serão os beneficiados duma eventual sanção, por ironia e caprichos em que o desporto é fertil até poderão voltar a sê-lo no futuro, mas no presente terão de se contentar com o lugar obtido desportivamente. O TAS não deu qualquer razão ao F.C.Porto sobre uma decisão que não conhece, apenas rejeitou os recursos de S.L.Benfica e Vit. Guimarães, o que embora no plano desportivo resulte igual, juridicamente o resultado é bem diferente, pois o processo ainda não terminou, falta saber a validação da reunião do Conselho de Justiça da FPF, voltando a partir daí o processo á UEFA.

       -O que não quer forçosamente dizer que ganhará a guerra, como sempre tenho defendido a verdade deve ser apurada, e caso tenham sido cometidos actos ilicitos devem ser retiradas dos mesmos as devidas consequências, não obrigatoriamente de forma rápida como agora pretendem os dirigentes do SLB, procurando ganhar na secretaria aquilo que não conseguiram em campo, pelo menos esta época, já que os factos imputados ao FCP são de épocas anteriores, por mim tudo bem, desde que a investigação vá mesmo até final, doa a quem doer, o processo que importa é o "apito dourado", infinitamente mais relevante que o "apito final", do qual só resultariam sanções para consumo imediato. Temo é que a Justiça Portuguesa não chegue lá, em matéria desportiva apenas o Gil Vicente foi condenado pelo "caso Mateus", tudo o resto passou em claro desde o processo N'Dinga, porque haveria agora de ser diferente no "apito dourado", para mais num país onde a culpa morrer solteira há muito criou jurisprudência. Mais grave ainda, mesmo que ninguém fosse punido se a prática pelo menos mudasse e o futebol ganhasse credibilidade, já valeria a pena, mas julgo que nem isso conseguiremos alcançar, a culpa está longe de ser do FCP ou do SLB, afinal a PJ não conseguiu executar um mandato de detenção porque de dentro da própria instituição alguém terá avisado o suspeito, um ex-presidente de clube permitiu-se rasgar contratos, dever a meio mundo, sendo quase inimputavel, os seus problemas com a Justiça apenas começaram quando deixou a presidência, como se o exercício desta conferisse uma espécie de seguro judicial, calculo que tocasse o cenário para os lados de Alvalade o panorama não seria muito diferente, enquanto assim fôr... A UEFA nada pode fazer, afinal apenas lhe chegam ecos e suspeitas sem nada em concrecto.

     -É fácil de antever que a próxima época será mais uma vez escaldante, infelizmente não dentro das 4 linhas, o ambiente de permanente guerrilha entre S.L.Benfica e F.C.Porto impede o desenvolvimento do futebol português, provavelmente com culpas de ambos os lados, onde toda e qualquer situação é logo utilizada como pretexto para arremessar contra o adversário, eu diria talvez inimigo, todas as armas disponiveis. Enquanto não existir de parte a parte a consciencialização que o futebol é também uma industria, os clubes são SAD's, vivem de resultados, desportivos mas também financeiros, e que uma vitória só terá importância se obtida contra um rival de igual grandeza, enquanto se mantiver a lógica do ganho no curto prazo, e clubes dirigidos por mediocres e oportunistas que se promovem á conta do futebol, não iremos a parte alguma. Veja-se o exemplo de Inglaterra, o campeonato é competitivo, os estádios estão cheios, porque se pratica bom futebol, estão por lá bons jogadores, os clubes estão financeiramente saudáveis, contudo nem sempre foi assim, lembram-se do hooliganismo dos anos 80? Não pode existir suspeição sobre resultados, mas também não podem ser permanente utilizados golpes baixos nos quais o futebol português é fértil, por cá ninguém está inocente. Ainda falam em treinadores portugueses na selecção, só se tiverem um passado imaculado, preferencialmente sem passado algum conotado com SLB ou FCP, de contrário transporta-se a guerrilha para dentro da selecção, e lá se vai o que tão arduamente foi alcançado, o carinho dos portugueses, principalmente aqueles que gostando de futebol não querem saber de polémicas, o amor á selecção.

       -Que me desculpem os amigos benfiquistas, mas pessoalmente considero justa esta decisão. Mais uma vez esclareço que não sou portista, nem tão pouco simpatizo com Pinto da Costa, julgo é que punir um clube por alguém por ter falado com árbitros em vésperas de jogos com Beira-Mar e Est. da Amadora parece-me um manifesto exagero, para mais numa época em que a superioridade em campo foi inquestionavel. Que a Justiça faça o seu trabalho, aprofunde as investigações, e talvez encontre matéria bem mais grave e com melhor fundamento, estou a lembrar-me por exemplo de Carlos Calheiros e duma viagem ao Brasil, em épocas que a superioridade não foi tão evidente. Doa a quem doer.

Apito Final: Boavista punido com descida de divisão, FC Porto com perda de seis pontos

       -Anos de investigação, polémicas, demissões e suspeições várias atingindo instituições como a PJ e levantando suspeitas sobre magistrados e agentes políticos, para no final o apito ficar mudo? Uns perdem seis pontos que não lhes fazem falta nenhuma, outros são condenados a descer de divisão, o que aliás já tinham conseguido dentro de campo, outros são punidos com descida de divisão, mas correm o risco de dissolução por falência. Não sou adepto de vitórias na secretaria, julgo mesmo que ao ser retirada uma vitória na secretaria a quem quer que seja, não deveria ser decretado qualquer vencedor, para que fique claro, mas direito ao assunto, queriam atingir Pinto da Costa? O homem lidera o F.C.Porto há mais de 20 anos, e o melhor que conseguiram foi isto? Acusá-lo de ter estado com uns arbitros nas vesperas de jogo, para mais numa época 2003-2004, que a sua equipa, treinada por José Mourinho, passeou superioridade. Ao longo destes mais de 20 anos, não existiram épocas, jogos e arbitragens mais duvidosas? Carlos Calheiros diz-lhes alguma coisa? Viva o futebol português,  mais a sua federação, liga, associações, arbitros, até as claques mal comportadas, estão todos bem uns para os outros, ainda bem que esta época não assisti a qualquer jogo nos estádios,  nem um cêntimo contribuí para alimentar a continuação desta palhaçada. Como eu muitos mais, depois admirem-se que os estádios fiquem ás moscas.