-A candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República constitui uma precipitação do próprio, empurrado pelo núcleo duro dos seus apoiantes, mas fundamentalmente um equívoco, dos que anseiam por derrotar Cavaco Silva, imaginarem que o milhão de votos obtido pelo poeta nas últimas presidenciais o possa agora catapultar para uma onda de vitória, que manifestamente não existe. Desde logo no seu próprio partido, são várias as vozes que deixam transparecer insatisfação, ninguém esquece a postura do deputado rebelde na anterior legislatura, sempre com um pé dentro, outro fora do partido nas votações mais polémicas na A.R., mesmo que José Sócrates venha a estar colocado entre a espada e a parede, vários socialistas votarão no actual inquilino do palácio de Belém ou em alternativa irão optar pela abstenção. À esquerda o PCP não deixará de sentir algum incómodo pela proximidade ao B.E., partido que disputa o seu eleitorado. Julgo mesmo que esta foi uma boa notícia para o actual Presidente, que pode encarar com alguma tranquilidade a reeleição, pese embora não seja um mero plebiscito à sua popularidade, como aconteceu aos seus últimos antecessores.