-Imagine o estimado leitor por um momento que um seu familiar, amigo ou colega de trabalho com quem mantém alguma relação de proximidade, cometia um crime. Iria denunciar às autoridades? Ou procuraria evitar que a pessoa em causa continuasse a sua actividade criminosa? O facto de não ser um delator faria de si igualmente um criminoso? E se dirigir uma empresa ou instituição? Imagine que descobre ter ao serviço dois ou três criminosos? Não seria normal tratar o assunto com pinças, por forma a evitar qualquer associação entre a entidade que dirige e o ilícito em causa? Alguém poderá ficar verdadeiramente surpreendido por constatar que a hierarquia da Igreja Católica afaste do local do crime, por exemplo transferindo de diocese, os seus membros que descobre estarem envolvidos em práticas de pedofilia, sem contudo os denunciar às autoridades? Às autoridades policiais em cada país compete apresentar os delinquentes à Justiça, incluindo clérigos, já as religiosas seguem outros valores, muitas vezes ao longo dos tempos, em vários países, até protegeram de regimes autoritários pessoas perseguidas por defenderam a liberdade para o seu povo, em lugar de obedecerem cegamente à justiça dos homens. Isso fará da Igreja Católica um bando de malfeitores? Não me parece.