-Indiferente aos problemas estruturais do país, não há muito tempo os nossos governantes apregoavam as virtudes do investimento público. Alguns pândegos chegaram até a defender que Portugal deveria ser um país vocacionado para a produção de eventos, para a realização dos quais deveria apostar na construção de infra-estruturas. O colapso da economia grega veio desmistificar o embuste, se há país que alinha por tal paradigma é precisamente a Grécia, chegou mesmo a organizar o maior evento à escala planetária, os Jogos Olímpicos em 2004, seria normal estar agora a colher os benefícios da aposta, se eles existissem, mas a economia é o que é. Convém ter esse exemplo presente quando ouvirmos falar em Mundiais de futebol, TGV e outros luxos que países bem mais desenvolvidos não possuem. A presente crise permitiu ao governo camuflar a real situação portuguesa, já vínhamos a divergir dos nossos parceiros desde a adesão à moeda única, nunca conseguimos consolidar verdadeiramente as contas públicas, nos anos em que o défice esteve controlado, foi sempre à custa de expedientes e recurso a receitas extraordinárias, finitas por natureza. Agora que as economias europeias mostram sinais de retoma, Portugal volta a ficar para trás, será altura de repensar seriamente o modelo de organização político e administrativo, vivendo dentro das nossas possibilidades, ninguém pode gastar durante muito tempo o que não tem, seja uma família, uma empresa ou até um país, pensar que para evitar risco sistémico no Euro, os contribuintes do norte da Europa, nomeadamente alemães, nos vão pagar a factura do regabofe, será um erro, que nos pederá vir a custar muito caro.