-José Sócrates venceu as legislativas no início de 2005, conseguindo para o PS a primeira maioria absoluta da sua história, com uma promessa de rigor e seriedade, a fim de colocar um ponto final nas sucessivas trapalhadas do governo presidido por Santana Lopes. E que aconteceu de então para cá? Uma das promessas eleitorais do PS foi a criação de 150.000 postos de trabalho, seria razoável supor que se tratava de resultado líquido, viemos mais tarde a perceber que se tratava de truque contabilístico, o suposto défice encontrado, mas que não existia, era mera estimativa, com a cumplicidade de Vítor Constâncio, possibilitou ao governo quebrar uma promessa eleitoral e subir impostos. A imagem do governo, muito em particular do primeiro-ministro, está longe das expectativas criadas antes das eleições, começou com a questão mal explicada da licenciatura, depois a Cova da Beira, casinhas da Guarda e por fim o processo Freeport, teriam forçosamente de manchar a reputação, afinal se todos poderemos acreditar que exista mesmo um campanha negra, e má vontade, seria muita ingenuidade não perceber que algum fogo, por muito pequeno que seja, terá de existir para tanto fumo. Mas se quisermos procurar algumas trapalhadas, a má gestão do dossier aeroporto na Ota, mais tarde desviado para Alcochete, o relatório tipo OCDE, que afinal não passou de estudo encomendado, os painéis solares que são meras bombas de calor, o primeiro computador genuinamente português, que afinal era uma versão do Classmate, tudo isto foi criando na opinião pública a percepção que o governo manda o rigor às malvas, preferindo a propaganda. A avaliação dos professores, os subsídios aos agricultores, as reformas anunciadas, mas atiradas para as calendas na saúde, minaram a credibilidade que ainda restava ao executivo. Nos últimos tempos a aposta nas grandes obras públicas, que parecem não ser a principal prioridade dos portugueses, excepto para os accionistas da Mota-Engil, os empréstimos à economia através de linhas de crédito bonificadas, que auxiliam mais os Bancos que as PME's, quando o caminho deveria ser baixar impostos, a nacionalização do BPN e má gestão do dossier Eurojust, os sucessivos anúncios de Manuel Pinho que não saem do papel, as inaugurações faustosas de Mário Lino, foram uma completa desgraça para o PS, que começa a ser insuportável aos olhos dos eleitores. A arrogância, que é como sabemos imagem de marca destes senhores, não lhes permitirá mudar de estratégia, o mais certo é não interpretarem os sinais que lhes foram enviados pelos portugueses, e como tal em Outubro chegará o pontapé de saída definitivo.