-Procurar discutir em Portugal uma questão futebolística com seriedade, é uma tarefa praticamente impossível, normalmente inquinada pelo fanatismo clubístico. O local da final da taça de Portugal é mais um exemplo do que afirmo. Existem na Europa três formas de terminar a prova, a duas mãos no campo dos finalistas, acontece por exemplo em Itália, retirando alguma importância e encanto à competição, em campo neutro nos países que não possuem um estádio nacional, Espanha está nesta condição, e sem dúvida a mais bonita de todas, a festa do futebol sempre no mesmo palco, a mais famosa das quais em Inglaterra no mítico estádio de Wembley. Em Portugal a tradição impõe o estádio nacional no Jamor. Mas Portugal é um país pequeno, e com demasiada pequenez, algum bairrismo e caciquismo levou à construção ou remodelação de 10 estádios de futebol para a realização do Euro 2004, quando seriam necessários apenas 8, mas Braga não poderia ser incluída em detrimento de Guimarães, ou vice-versa, Coimbra, Leiria e Aveiro endividaram-se e agora não conseguem sequer suportar os custos de manutenção, no Algarve foi construído um verdadeiro elefante branco, sorvedouro de dinheiros públicos, o Porto não poderia ficar atrás de Lisboa, e também entrou com dois estádios, o que está na génese dos actuais problemas do Boavista F.C., e pasme-se, em 10 estádios que tão dispendiosos ficaram ao erário público, o nacional que pertence a todos nós, ficou de fora. Como resultado, ficou a circunstância absolutamente espantosa de Portugal ser o único país da Europa, talvez do mundo, que possui um estádio nacional onde a sua selecção não pode jogar, por não estar licenciado para jogos internacionais, devido à falta de segurança. Os responsáveis pela caricata situação são os rostos que andam pelo futebol há vários anos, com a cumplicidade dos políticos que nos governam, os mesmos que por vezes nos falam na organização do Mundial 2018, perdões de dívidas fiscais aos clubes e similares.