-O Procurador-Geral da República negou hoje a existência de pressões e intimidação sobre os magistrados do caso Freeport, mas Lopes da Mota foi convocado para comparecer amanhã em Lisboa a fim de esclarecer eventuais pressões, e agendada para sexta-feira uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público. Confusos? Eu também, nada como esperar por cenas dos próximos capítulos.

    -Para quem tiver empréstimo destinado à compra de habitação, esta é uma excelente notícia, desde que obviamente esteja empregado e não corra grandes riscos de perder o emprego. Convém no entanto perceber que o juro baixo não será duradouro, quando a economia começar a apresentar sinais de retoma voltaremos a assistir à subida dos juros, há que manter alguma prudência na hora de contrair novos encargos, para que amanhã não venham dizer que a culpa foi mais uma vez do crédito fácil.

   -A questão do desemprego apenas poderá ser resolvida com crescimento económico. Até lá o governo poderá implementar políticas sociais de auxílio aos desempregados, acreditar que o investimento público será solução, que os trabalhadores do comércio ou indústria que ficaram sem emprego, possam estar disponíveis para trabalhar na construção de estradas, aeroportos ou linhas férreas é um monumental e lamentável equívoco, que sairá muito caro ao país. O aeroporto de Lisboa está longe de se encontrar esgotado, mas imagino pressões imobiliárias à volta dos terrenos da Portela, o investimento realizado no serviço Alfa pendular, bem como a modernização da linha do Norte ainda não obtiveram retorno, mas já pensamos em TGV, faz lembrar as famílias que adquirem automóvel a prestações, mas que já pensam em trocar por novo modelo, ainda vão a meio do prazo de pagamento. Sabemos onde leva o disparate, mas o governo continua, até porque Sócrates e seus pares sabem que são eles quem irá assinar os contratos, mas já estarão longe quando as facturas começarem a chegar.

    -Ou dizes quem te está a pressionar, ou será em ti que irei malhar. Quem te avisa...

    -A polícia mais uma vez faz o seu trabalho ao deter pessoas por posse de armas ilegais e droga, mas uma vez presentes a Tribunal os detidos são sistematicamente constituídos arguidos, e sujeitos a Termo de Identidade e Residência por juízes que se limitam a aplicar as Leis do país. Logo o problema não está na polícia ou na Justiça, mas na legislação, os C.P.P. e C.P. são demasiado favoráveis a quem teima em viver à margem da Lei. Seria interessante que fosse divulgado na opinião pública os resultados práticos das operações policiais levadas a cabo desde o último fim de semana.

    -Posso estar enganado, mas Zeferino Boal tendo sido o autor da carta que despoletou o processo Freeport não será nesta altura uma peça-chave no mesmo. O escritório da sua advogada em Albufeira foi no entanto assaltado, mas nada nos garante existir qualquer relação com o mesmo, ou qualquer outro processo que Ana Santinho possa ter em mãos, podendo inclusivamente tratar-se dum vulgar assalto, como tantos que são registados diariamente de Norte a Sul do país. A GNR tomou conta da ocorrência.

    -Como escrevi anteriormente, Nascimento Rodrigues é provavelmente o único preso político em Portugal. Impossibilitado de bater com a porta, enquanto espera pelo substituto, resta-lhe o direito de adoecer como qualquer outro cidadão. Até quando irá durar este triste espectáculo que a classe política nos está a oferecer? Será que nesta altura ainda alguém pensa ficar bem na fotografia aos olhos do cidadão?

    -O caso Freeport atingiu um ponto em que deixaram de existir condições objectivas para a Justiça efectuar o seu trabalho. Percebe-se que existam pressões para arquivar o processo, embora um eventual arquivamento deixe a pairar no ar a sensação de favor político, mas por outro lado a continuação do inquérito face ao tempo habitual da Justiça portuguesa significa o mesmo durar um a dois anos, com fugas constantes ao segredo de Justiça. Não fora o cidadão alvo das suspeitas ser primeiro-ministro, face aos factos conhecidos a esta hora já teria sido constituído arguido, o que na opinião pública significa logo culpado, muito embora alguns cidadãos a quem é aplicado tal estatuto não cheguem sequer a julgamento.

    -Isaltino Morais, presidente da C.M.Oeiras continua a dar espectáculo no Tribunal. Após ter admitido guardar 400.000 Euros em casa, por não saber que destino lhes dar, uma vez que era dinheiro que tinha sobrado de donativos destinados a campanha eleitoral, hoje o autarca afirmou que nunca lhe passara pela cabeça existir um problema fiscal, que as Declarações que apresentava ao Tribunal Constitucional na década de 80 não iam correctas, porque na altura era assim. O mais certo será mesmo a população de Oeiras voltar a eleger Isaltino Morais para novo mandato à frente da autarquia, até porque a maioria destes crimes já prescreveram. Portugal continua a ser uma república das bananas, onde o chico-espertismo dá cartas.

    -Oxalá me engane, mas não serão os apoios do Estado português ou alemão suficientes para viabilizar a Qimonda, mas sim o mercado. O problema nesta empresa teve origem na diminuição da procura de semicondutores DRAM, sem qualquer relação com problemas de produtividade ou gestão, o que torna mais difícil qualquer restruturação. O governo procura dar a entender à opinião pública que tem uma palavra a dizer, embora esteja consciente que a solução não passa pelo poder político.

   -José Sócrates e Vital Moreira estiveram juntos em Viseu, numa sessão pública de apoio à candidatura do professor de Coimbra ao Parlamento Europeu, para criticarem a oposição, em especial o PSD, na mesma semana em que afirmaram que as eleições europeias não deveriam servir para julgar o governo. Vital Moreira foi ainda mais longe, classificando de irresponsáveis os partidos à esquerda do PS, acenando com a bandeira do neoliberalismo para atacar os sociais democratas, que como se sabe, são europeístas convictos, pese embora algumas excepções.

    -Estou inteiramente de acordo com Luís Filipe Menezes quando afirma que o PSD não se está a comportar como uma família. Basta ler com regularidade os seus artigos de opinião ou estar com atenção à sua prestação na SIC-N, para se perceber que o antigo presidente poderá não ser o único, mas não deixa créditos por mãos alheias em matéria de críticas à actual liderança do partido. Vindo de quem vem, o apelo à união dá vontade de sorrir.

    -Charles Smith desmente ter alguma vez proferido palavras injuriosas para José Sócrates. No entanto não desmentiu a veracidade do DVD onde chama corrupto ao primeiro-ministro, o que não deixa de ser algo estranho. Com amigos destes, quem precisa de inimigos?

    -Carlos Queiroz continua a escrever páginas negras na história do futebol português ao empatar (0-0) com a Suécia, comprometendo seriamente as hipóteses de qualificação. Apesar de contar com o alegadamente melhor jogador do mundo, e mais um grupo de bons jogadores como Ricardo Carvalho, Pepe, Tiago, Bosingwa ou Simão, actuando em grandes emblemas do futebol europeu, a realidade é que no banco a selecção tem apenas uma amostra de treinador, um perfeito embuste, verdadeira nulidade que nunca conseguiu ter sucesso excepto como adjunto, ou nos longínquos tempos em que orientava jovens em formação, de onde nunca deveria ter saído. Se Carlos Queiroz quiser prestar um favor ao futebol nacional, então que peça demissão, emigre ou desapareça, mas deixe Portugal em paz, qualquer treinador seria capaz de levar esta equipa a uma fase final.

    -O DVD onde constam afirmações que classificam o primeiro-ministro de corrupto, não pode em Portugal ser utilizado como prova, por ter sido obtido de forma ilícita. Como poderá então José Sócrates processar alguém? O comunicado poderá ter sido algo precipitado, o que se compreende uma vez que foi emitido uma hora após a divulgação do DVD, talvez um pouco à pressa, pois o seu autor tinha um compromisso ao qual chegou atrasado, embora também tivesse uma desculpa justificação para a demora.

    -Além da divulgação do DVD no jornal da TVI, que levou José Sócrates a dar instruções ao seu advogado no sentido de processar quem o envolveu na trama, segundo o comunicado à imprensa ontem distribuido, a PJ estará a investigar a empresa Mecaso, segundo avança o semanário SOL, sociedade da qual fazem parte a mãe e um primo do primeiro-ministro.

   -A TVI divulgou um DVD que está na posse da polícia inglesa, no qual Charles Smith diz claramente ter pago dinheiro a José Sócrates por intermédio dum primo, tendo classificado o primeiro-ministro de corrupto. A conversa terá ocorrido em 2006, visando explicar a saída de avultadas quantias de dinheiro da sede da empresa em Londres. José Sócrates já reagiu em comunicado, negando todas as acusações, afirmando que terá dado instruções aos seus advogados para agir judicialmente contra os difamadores.

     -Este artigo da VEJA.

      -Caro Joshua, a questão que me colocas é ideológica, mas antes de responder permite um breve esclarecimento, no EUA para além do Medicare, também existe o Medicaid, um sistema que possibilita pessoas sem recursos financeiros acedam aos cuidados médicos que necessitam, eventualmente terá falhas que podem e devem ser corrigidas, mas por cá no maravilhoso, universal e tendencialmente gratuito SNS até morrem pessoas por erros médicos, e por falta de dinheiro até existe quem não adquira medicamentos que necessita. Uma mentira mil vezes repetida tende a passar por verdade, mas não acredites em tudo o que lês, ouves ou vês, principalmente no aldrabão do Michael Moore.

        -Agora respondendo à tua questão, não defendo a existência dum SNS, mas pelos vistos a maioria da população portuguesa pensa de forma diferente, aceito que o Estado preste um serviço, mas então porque razão terá de ser obrigatório? Porque Obama, o governo, e até tu têm uma visão diferente da minha, terei de ficar agrilhoado a algo que não quero? Porque não poderei eu sair do vosso sistema, e contratar uma entidade em que acredite para me assegurar os serviços que possa vir a necessitar? O maravilhoso modelo social europeu que muitos defendem, mais não é do que uma prisão para todos quantos ousam pensar de forma diferente do rebanho.