-O menino guerreiro tem um novo sonho, cumprir dois mandatos à frente da CML, e apenas depois poderá pensar noutros cargos, dos quais até lá não quer ouvir falar. Claro que para cumprir dois mandatos, Pedro Santana Lopes teria de travar no mínimo duas enormes batalhas, a primeira derrotar António Costa e conseguir a eleição, a segunda derrotar-se a si próprio e finalmente cumprir um mandato até final. No entanto como afirmei anteriormente, Manuela Ferreira Leite terá enorme dificuldade para travar uma candidatura que já se encontra no terreno, tornando-se cúmplice num processo que poderia ter sido encerrado antes de sequer ter começado.

     -O PSD-M decidiu sozinho suspender os trabalhos da Assembleia Legislativa Regional da Madeira, até que fique esclarecida a legalidade da expulsão do deputado do PND José Manuel Coelho. Confunde-se na ilha maioria absoluta com poder absoluto, não está em causa corroborar as afirmações do deputado do PND, obviamente que não existe qualquer regime nazi na Madeira, nem subscrevo aquela forma de manifestação de protesto, sem prejuízo das razões que lhe possam assistir, para mim aquilo é populismo, algo a que o PSD-M deve há muito estar habituado, porque é liderado pelo maior especialista nacional na matéria. Como afirmei no post anterior é legítimo que se retire imunidade parlamentar e apresente queixa caso alguém se sinta particularmente ofendido, mas existem também locais próprios e orgãos de soberania competentes na aplicação da Justiça. A postura agora revelada pela maioria na Região Autónoma da Madeira é inadmissivel, impõe-se uma palavra, ou talvez mais que isso, por parte do sr. Presidente da República.

      -Com a descida da cotação das matérias primas nos mercados internacionais está afastado o perigo de inflação. A economia encontra-se estagnada à beira da recessão, alguns países tecnicamente já entraram num tal ciclo. O risco agora é entrarmos em deflação. A Reserva Federal baixou na passada semana a taxa de juro para um mínimo histórico de 1 por cento, o Banco de Inglaterra decidiu cortar 1,5%, fixando em 3%, abaixo dos 3,75% do BCE, que não terá opção a reduzir a taxa na reunião de hoje, até pelas declarações anteriormente proferidas por Trichet admitindo tal cenário. O mais provável a meu ver será fixar a taxa em 3%, à semelhança do Banco de Inglaterra, mas não excluo uma maior moderação para apenas 3,25%, o que representaria um corte de 0,5% idêntico ao decidido no mês anterior. Julgo no entanto que a tendência será para continuar nos próximos meses.

Actualização 13h30m: O BCE decidiu fixar a taxa de juro em 3,25%. No próximo mês iremos certamente assistir a novo corte.

     -O líder da bancada social democrata requereu a suspensão da imunidade parlamentar do deputado eleito pela ND, José Manuel Coelho, e apresentação de queixa no Ministério Público pelo facto do deputado regional ter exibido uma bandeira nazi. Nada a opor, em democracia quem se sente ofendido apresenta queixa, o MP investiga, se for o caso deduzirá acusação, o Tribunal presidido por um meritíssimo Juiz de Direito apreciará os factos, condenando ou absolvendo. Acontece que o episódio ocorreu ontem, José Manuel Coelho foi impedido hoje por seguranças de entrar nas instalações do Parlamento. Quem deu tal ordem, antecipando-se ao desenrolar do processo, tomando para si a aplicação da Justiça neste caso? Os seguranças são funcionários, cumprem ordens, de quem?

      -Estão elevadas as expectativas quanto à manifestação de professores agendada para o próximo sábado. Após o sucesso de 8 Março que terá juntado mais de cem mil professores em Lisboa, qualquer número abaixo do então verificado seria lido como diminuição de poder de mobilização sindical. Por outro lado a repetição ou eventual aumento da participação, poderá vir a colocar problemas acrescidos ao governo em período pré-eleitoral. Será um bom teste à capacidade de reforma e firmeza que José Sócrates e PS reclamam, caso cedam nos pontos mais importantes outras corporações sairão à rua na defesa dos seus interesses. Considero que o modelo de avaliação está longe de ser perfeito, pelos ecos que me foram chegando é excessivamente burocrático, pelo que deveria ser revisto, por forma a torná-lo mais objectivo e simplificado, mas sempre partindo do pressuposto que irá mesmo avançar a avaliação dos docentes, progressões automáticas na carreira são obsoletas, como escrevi anteriormente.